Bruxelas decidiu atacar duramente os veículos elétricos importados da China. A Comissão Europeia anunciou uma série de medidas com o objetivo de taxar pesadamente esses veículos, que ela considera serem injustamente subsidiados por Pequim. Essa iniciativa marca um passo significativo na defesa da indústria automotiva europeia, que vê o aumento dos veículos chineses como uma ameaça à sua própria sobrevivência.
Impostos revisados e ajustados
Em 20 de agosto, a Comissão Europeia revelou as taxas alfandegárias revisadas que serão aplicadas aos veículos elétricos importados da China. Essas taxas serão adicionadas ao imposto de 10% já em vigor. As sobretaxas podem chegar a 36 % para determinados fabricantes. Essas medidas, que devem entrar em vigor até o final de outubro, serão aplicadas por cinco anos. As alterações feitas na primeira versão dos impostos incluem uma pequena redução nas taxas para determinados fabricantes, como a BYD e a Geelymas, mesmo assim, continuam sendo substanciais.
Por que a Tesla está preocupada
Ao contrário do que você possa pensar, a Tesla não está isenta desses impostos. Embora a empresa americana tenha uma fábrica na Alemanha, ela continua importando alguns de seus modelos, principalmente o Modelo 3, da China. A Comissão decidiu que, embora a Tesla não se beneficie dos mesmos subsídios que os fabricantes chineses, ela deve, no entanto, pagar uma sobretaxa de 9 %. Entretanto, o Modelo Y, produzido na Alemanha, não é afetado por essas medidas.
A resposta chinesa e as consequências para a indústria europeia
A China reagiu rapidamente. O Ministério do Comércio chinês já recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar esses impostos, descrevendo as práticas europeias como protecionistas e injustas. A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM) também expressou seus temores, citando enormes riscos para as relações comerciais entre a UE e a China.
Para a Europa, essas medidas são uma aposta arriscada. Embora tenham o objetivo de proteger o setor automotivo do continente, elas também podem desencadear tensões comerciais e ter efeitos negativos sobre a economia europeia. As marcas chinesas, que conseguiram se estabelecer no mercado europeu com preços competitivos, poderiam reagir aumentando seus preços, o que teria um impacto sobre os consumidores.
Um mercado em plena transformação
A imposição desses impostos ocorre em um cenário de profundas mudanças no mercado automotivo europeu. Com a proibição das vendas de veículos movidos a combustão programada para 2035, os fabricantes europeus precisam acelerar sua transição para veículos elétricos. Nesse contexto, a concorrência com os fabricantes chineses, que assumiram uma liderança significativa na produção de baterias e veículos elétricos, está se tornando cada vez mais intensa.
Portanto, Bruxelas decidiu adotar uma linha mais rígida, mas a questão permanece: essas medidas serão suficientes para permitir que a indústria automotiva europeia permaneça competitiva diante do crescente poder dos gigantes chineses? Só o tempo dirá.