Em um movimento ousado em direção à neutralidade de carbono, Haia, na Holanda, tornou-se a primeira cidade do mundo a proibir a publicidade de combustíveis fósseis. Essa decisão polêmica, que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2025, levanta questões sobre o futuro da mobilidade e da energia na Europa.
Uma medida pioneira e polêmica
O Conselho Municipal de Haia aprovou uma medida que proíbe a publicidade de produtos e serviços derivados de combustíveis fósseis. A decisão, apoiada pelo Partido para os Animais (PvdD), terá um impacto significativo em vários setores:
- Veículos a gasolina
- Fornecedores de gás
- Viagens aéreas
- Cruzeiros
Leonie Gerritsen, conselheira do PvdD desde 2022, saudou a decisão, argumentando que não era apropriado permitir a publicidade de produtos da indústria de combustíveis fósseis se a cidade estava buscando a neutralidade climática até 2030.
Apoio internacional
Essa iniciativa local ecoa um apelo mais amplo do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres. No início deste verão, ele pediu a proibição da publicidade de empresas de combustíveis fósseis, descrevendo-as como “patrocinadoras do caos climático”.
O contexto europeu em transformação
Essa notícia surge em um cenário europeu tenso em relação à proibição planejada para 2035 dos carros a combustão. Vários fatores complicam a situação:
– Poucos países da UE estão próximos das metas de vendas estabelecidas para 2025
– Muitas montadoras revisam para baixo suas previsões para 2030
– A Itália, em particular, está pedindo uma revisão da proibição de carros a gasolina
Adolfo Urso, Ministro da Indústria da Itália, descreveu a proibição como “absurda” e “promovida por uma visão ideológica”, pedindo que ela seja alterada.
Uma revisão programada para 2026
A União Europeia planeja revisar essa política em 2026. No entanto, vários fatores complicam a situação:
– A concorrência da China, com seus preços altamente competitivos
– Perda de participação de mercado para marcas europeias
– Dúvidas crescentes entre as montadoras
A Itália, em particular, está pressionando por uma revisão antecipada desses planos, refletindo as crescentes preocupações do setor automobilístico europeu.
Um futuro incerto
A decisão de Haia de proibir a publicidade de combustíveis fósseis faz parte de um contexto mais amplo de transição energética e de combate às mudanças climáticas. Entretanto, ela também levanta questões importantes:
– Como os objetivos ambientais podem ser equilibrados com as realidades econômicas?
– Qual será o impacto sobre a indústria automobilística europeia?
– Como os consumidores reagirão a essas mudanças?
À medida que a Europa navega por essas águas incertas, a decisão em Haia pode servir como um teste para outras cidades e países que estão considerando medidas semelhantes. O ano de 2026, com a revisão planejada da UE, promete ser um momento crucial para o futuro da mobilidade e da energia na Europa.
Essa situação complexa ilustra os desafios que os formuladores de políticas e o setor enfrentam na transição para uma economia mais sustentável. Alcançar um equilíbrio satisfatório entre metas ambiciosas de redução de emissões e realidades econômicas e sociais para todas as partes interessadas continua sendo um grande desafio para os próximos anos.