Embora a maioria das montadoras de carros de luxo tenha adotado a eletrificação, o fundador da Pagani mantém uma posição firme contra essa tendência. Em sua opinião, os supercarros híbridos não atendem às expectativas dos verdadeiros entusiastas e não representam o futuro do segmento topo de linha.
Uma escolha que vai contra a tendência do setor
A eletrificação se tornou comum no segmento de supercarros de luxo. Marcas icônicas como Ferrari, Lamborghini, Porsche e até mesmo Bugatti incorporaram sistemas híbridos em seus modelos de alto desempenho. No entanto, Horacio Pagani, fundador da marca homônima, está contrariando a tendência.
O mais recente modelo da Pagani, o Utopia, é movido por um motor V12 de 6,0 litros com turbocompressor duplo, sem qualquer assistência elétrica. Essa decisão ousada reflete a firme convicção da Pagani de que seus clientes simplesmente não estão interessados na tecnologia híbrida nesse segmento de mercado.
Razões para o ceticismo
Em uma entrevista à revista The Drive durante a apresentação do Utopia Roadster nos Estados Unidos, Horacio Pagani deixou clara sua opinião. “Na realidade, ninguém está interessado em um carro híbrido”, disse ele. Essa declaração provocativa é baseada em sua própria experiência e em sua percepção das expectativas dos clientes.
Pagani admitiu ser proprietário de carros híbridos, incluindo um Porsche 918. No entanto, ele enfatizou que, quando realmente quer se divertir ao volante, ele recorre a carros esportivos puros, como o Porsche 911R ou o Carrera GT. De acordo com ele, seus clientes compartilham essa visão e preferem a autenticidade de um motor de combustão tradicional.
Os desafios técnicos dos supercarros híbridos
O fabricante italiano aponta uma série de problemas inerentes aos supercarros híbridos:
Uma estratégia ditada pela demanda do mercado
Horacio Pagani insiste que sua posição não é dogmática, mas pragmática. “Temos que construir o que nossos clientes vão comprar”, explica ele. O tamanho modesto da empresa não permite que ela desenvolva tecnologias que seus clientes não queiram.
O fabricante revela que está considerando seriamente a criação de um veículo híbrido ou mesmo totalmente elétrico. Um projeto de hipercarro elétrico chegou a ser lançado em 2017, envolvendo parcerias com a Mercedes-AMG e a Lucid. No entanto, diante da falta de entusiasmo de seus clientes, a Pagani preferiu voltar a concentrar seus esforços naquilo que fez sua reputação: supercarros excepcionais com motor V12.
Um futuro incerto para a eletrificação na Pagani
Por enquanto, a Pagani parece não ter pressa em abandonar seu icônico motor V12, que está homologado até 2031. No entanto, essa postura clara levanta questões sobre o futuro de longo prazo da marca em face das regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas.
A estratégia da Pagani ilustra o dilema enfrentado pelos fabricantes de supercarros: como conciliar os requisitos regulamentares com as expectativas dos clientes ligados a uma determinada visão de desempenho automotivo?
A abordagem da Pagani, embora arriscada, pode compensar no curto prazo, conquistando a lealdade de uma clientela de puristas. No entanto, a marca inevitavelmente terá que buscar soluções alternativas para garantir sua sobrevivência em um mercado em rápida mudança.
A posição de Horacio Pagani em relação aos supercarros híbridos destaca a complexidade dos desafios que o setor de carros de luxo enfrenta. Entre a inovação tecnológica, as regulamentações ambientais e as expectativas dos entusiastas, o equilíbrio continua difícil de ser alcançado. Somente o tempo dirá se a visão de Pagani foi visionária ou se representou a última luz de uma era automotiva passada.